TENTE NÃO SER UM NERD TARJA PRETA POR UM SEGUNDO #23: THE MASTER!



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O final de semana americano não foi só de nerdismo -- além de Dredd 3D, estreou The Master, o novo e ainda sem título em português filme de Paul Thomas Anderson, o melhor diretor de cinema da atualidade. O filme só estréia no Brasil no dia 18/1/2013, o que você pode agradecer à Paris Filmes, sua distribuidora por aqui.

"Obrigado, Paris Filmes!"

De início, foi noticiado que o filme seria sobre a fundação da Cientologia, sistema de crenças [religião é meio que forçar a barra] que tem a sua origem na obra de L. Ron Hubbard e que tem em Tom Cruise o seu mais famoso expoente. No entanto, conforme Noah Millman, do The American Conservative, no final das contas não é beeeeem isso:

[...] Sobre o que é o filme?

Bom, essa é uma boa pergunta. Ostensivamente, é sobre um tipo de terapia de culto modelada vagamente com base nos primeiros anos da Cientologia. Um homem, Freddy Quell (Joaquim Phoenix), sofrendo de choque pós-guerra cumulado com uma personalidade profundamente desorientada, oscila entre um trabalho e outro no meio da abundância da América do final da década de 40. Fugindo de seu último desastroso encontro com pessoas, ele se afasta a bordo de um navio em São Francisco, onde está ocorrendo uma festa, apenas para descobrir, na manhã seguinte, que o navio é navegado por Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman), que se auto-descreve como "escritor, médico, físico nuclear e filósofo" e, incidentalmente, criador de uma nova forma de terapia, conhecida como "The Cause" (a versão do filme para a Dianética). Dodd se encanta no mesmo momento com Freddy, e assim começa a jornada de Freddy no círculo interno do culto, e em comovente relacionamento com Dodd.

Mas Anderson não está interessado de verdade com cultos, ou no que leva alguém a buscar um, ou entrar em um, e está ainda menos interessado na Cientologia especificamente. Você esperaria que um filme sobre um culto fosse mostrar o Mestre do título com um controle psicológico profundo sobre os seus seguidores, mas esse não é o caso em "The Master". Praticamente todos os membros do culto, do socialite que empresta o barco para Dodd, a outro socialite da Filadélfia que fica desconcertado com as mudanças introduzidas eno "livro dois" da ora de Dodd, ao filho de Dodd, que acredita que o seu pai está inventando tudo, a outro seguidor que declara que o "livro dois" fede, e que deveria ser um panfleto -- praticamente todo mundo envolvido "Na Causa" parece perfeitamente lúcido e, ainda mais, perfeitamente crítico a Dodd, pelo menos quando estão longe do alcance de seus ouvidos. Isso não parece um culto.

Você pode seguir o link e ler o resto do artigo, ou passar os próximos três meses e meio intrigado.

Pra colocar lenha na fogueira, já adianto: o filme é um sucesso de crítica. No Metacritic, a imensa maioria das resenhas são positivas.

Para Joe Williams, do St. Louis Post-Dispatch, "The Master não é um ataque esquemático a uma religião em particular. É uma obra de arte brilhantemente concebida e poderosamente concretizada, com personagens complexos, imagens requintadas e grandes idéias ambíguas.

Não foi suficiente? No Wall Street Journal, Joe Morgenstern escreveu que "o notável sexto filme de Paul Thomas Anderson trata, por extensão, do tão-humano processo dos perseguidores sedentos que se deixam levar pelo carisma de uma figura autoritária, sejam eles gurus, ditadores ou líderes de culto. Ou, no caso dessa magistral produção, um par de fascinantes atores”.

Até as resenhas negativas tem um quê elogioso. No Chicago Sun-Times, o tradicional crítico de cinema Roger Ebert comentou: "interpretado e produzido de forma excelente, mas, quando eu tento alcançá-lo, minhas mãos se fecham no ar. O filme tem um material muito rico, mas não está claro o que pensa sobre ele. Tem duas performances dignas de Oscar, mas elas conectam?”. 

Noutras palavras: o filme é excelente, os atores estão de parabéns -- mas o filme não é muito bom porque Ebert não tem certeza se entendeu. É uma crítica negativa que só tem aspectos positivos.

Agora, lembre-se de Sangue Negro e digira o seu almoço feliz: não há margem para o erro.

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