ENCAIXADO. Sam Leith publicou no The Guardian a primeira resenha que eu vi de Building Stories, a nova hq de Chris Ware, de Jimmy Corrigan, o menino mais esperto do mundo. Como esse, parece
LIMPO, DEPRIMENTE e ÓTIMO -- Leith diz isso praticamente de forma literal:
Em algum lugar entre os antepassados desse volume você pode detectar as
histórias de condomínio de Will Eisner, mas não poderia estar mais longe da resiliência
operária do trabalho de Eisner. Quando você lê um gibi de Chris Ware, você pode
ter bastante certeza que vai acabar com dor de cabeça pelas letras pequenas, ou
suicida pela visão de mundo, e mesmo assim ele é tão bom que você lê de
qualquer forma. É impossível exagerar o quão meticuloso o seu trabalho é: a
simetria das páginas; os temas que o perpassam; as múltiplas histórias
contrapostas.
PUNK-COMICS #2. Carter Scholz, colaborador habitual do The Comics Journal na década de 80,
voltou à linha de tiros do resenhismo quadrinístico para escrever sobre Dal
Tokyo, o novo gibi de Gary Panter. Sobre o aspecto físico da hq, Scholz
comentou:
[...] até o seu "livrismo" é estranho: 15 cm na vertical e 40 cm na
horizontal. Mais ou menos do tamanho de um teclado de computador, se você está
procurando uma comparação familiar, como Panter sempre está. Aberto, é o dobro
na horizontal. Você não pode fazer espaço para ele; ele faz o seu próprio
espaço. Mas o seu tamanho estranho é intrínseco ao seu conteúdo ainda mais
estranho: alguns de seus detalhes mais cuidados e a sua escrita são quase
ilegíveis até mesmo nessa escala, que eu acho que é reduzida a 50% do original.
MINIMALISTA. Pra fechar com o INDIESMO, o blogue espanhol Entre Cómics cobriu a Small Press Expo
2012 [SPX], a exposição das editoras independentes americanas que aconteceu há
dez dias em Maryland.
[A SPX] é o outro lado da moeda [em relação à San Diego Comics-Con], a convenção onde todos os artigos à venda
são pequenos e muitas vezes artesanais, onde os expositores nem sequer estão
identificados por um cartaz com o nome da editorial, onde os autores, em sua
maioria, são pequenos, no sentido de que são jovens e ainda não são amplamente reconhecidos
pela indústria. Uma indústria na qual, em alguns casos, não se sabe se eles
querem entrar. Ou ao menos não nos termos em que a palavra indústria se entende
em convenções como a de San Diego. A SPX tem os seus próprios códigos, e talvez
o mais importante deles seja o modo que todos ali entendem os quadrinhos, como
uma forma de expressão pessoal, mais do que um jeito de cumprir com os sonhos
de um fã.
As editoras participantes são as
da órbita da Picturebox, Nobrow, Drawn & Quarterly e Fantagraphics. Os
quadrinistas são do quilate de Daniel Clowes, o próprio Chris Ware [que fez o
poster no início da postagem, a terceira imagem], Adrian Tomine e os irmãos
Hernandéz.
Você não precisa ser hipster para ir lá, mas ajuda. |
DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO. Barry Pearls publicou uma entrevista de
Stan Lee para o fanzine Crusader. De
1964. Percebam a sofisticação do processo criativo:
Ed: De onde foi tirado o nome MARVEL COMICS GROUP?
Stan: Bom, nós publicamos uma série anos atrás chamava MARVEL. Nós
gostamos do nome, então nós decidimos chamá-lo de MARVEL.
Ed: Você estuda e busca informações para escrever as histórias de seus
super-heróis.
Stan: Não, infelizmente, não temos tempo.
"Não temos tempo. Eu, por exemplo, gasto todo o
meu tentando parecer um pirado".
-- Stan Lee, 1964.
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FARPAS. Colin Smith, que mantém o blogue Too Busy Thinking About My Comics, é um crítico de quadrinhos que,
muito embora já tenha sido linkado por aqui, encaro com diversas restrições --
o é um claro exemplo dos problemas decorrentes de resenhismo pautado por
preconceitos políticos.
No final do mês passado ele
começou uma série de artigos no Sequart
sobre as 19 primeiras edições de X-Men,
a série original dos anos 60, que precisou de apenas duas linhas pra me fazer
fechar a aba [são essas: "Em uma
sociedade profundamente reacionária, até mesmo um desafio gentil e sincero ao
status quo pode ser lido como uma marca significativa de um dissidente"].
Gene Phillips, outro colaborador
habitual do The Comics Journal na
década de 80, mantém o blogue The
Archetypal Archives que, muito embora paradoxalmente nunca tenha sido
linkado aqui [os artigos costumam ser um pouco herméticos, muitas vezes não
diretamente relacionados aos quadrinhos] é uma das minhas paradas diárias
obrigatórias.
Phillips é também desafeto
declarado de Colin Smith, com quem já manteve uma áspera discussão na parte de
comentários do Sequart [que, agora, inclusive é restrita].
TUDO ISSO PRA DIZER
QUE.
Phillips, em seu blogue, publicou
dois artigos dedicados integralmente a desconstruir os argumentos de Colin
Smith [que ele chama de Chicken Smith -- as coisas estão nesse nível]. Se você
quer ver dois críticos de quadrinhos se arrancando os cabelos [E QUEM NÃO
GOSTARIA?], recomendo fortemente clicar aqui e depois aqui.
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