NFN#73




PUNK-COMICS. Foi lançada a nova hq de Gary Panter, o ilustrador-quadrinista-punk-abstrato: Dal Tokyo, uma coletânea em capa dura da tira do mesmo nome, originalmente publicada na revista LA Reader, depois na japonesa Riddim.

No Comics Bulletin, o homem foi entrevistado por Jason Sacks:

[Dal Tokyo] é um quadrinho experimental. Não existem muitos quadrinistas experimentais, na verdade. Então eu faço isso. E eu gosto dos caras dos anos 70 que faziam metafiction, como Donald Barthelme e Robert Coover e coisas assim. É como "John e Jane eram -- não, Bill e Mary estavam -- não, eles estavam entrando em uma loja". A história continuamente te diz que ela está sendo feita.

Eu acho que Dal Tokyo, porque é experimental, está continuamente te lembrando que está sendo feita. Enquanto a maior dos quadrinhos tenta te arrastar para dentro da ilusão e te manter lá dentro. Isso é o que quadrinhos devem supostamente fazer e é isso que os quadrinhos populares fazem. Te seduzem. Isso é uma coisa diferente. Não é tão preocupado com o argumento.

Joshua Glenn, por outro lado, resenhou a hq no The Comics Journal.

Dal Tokyo é uma cidade absurda e inimaginável cujas calçadas e becos estão lotadas de punks, aliens, mutantes, Sepalois, garotas cubistas e adoráveis personagens de mangá -- e cujo metrô está permanente ameaçado por uma poluição tóxica. Nas sobras de viadutos abandonados [...], agências de propaganda rivais entram em combates sangrentos. Voyeurs freelance tiram "pho-tos" de monstros de neblina ricos transando, que eles vendem para a Fish-Carrot-Eye, editor do jornal de escândalos pornográficos Rich Smog Sex, cuja sede está de baixo de um parque de diversões abandonado. Enquanto isso, no deserto marciano ala Edgar Rice Burroughts, onde vagam protoceratopses, homens-formiga escavam carros clássicos da areia, que eles derretem para conseguir os minerais que precisavam para falar.

Pra fechar, Matthias Wivel, do The Metabunker, republicou uma resenha de Jimbo in Purgatory, uma versão com cara de quadrinhos-underground da Divina Comédia [a do Dante].

A escolha resulta no trabalho de Panter mais condensado e exigente até agora. Ainda que ele normalmente trabalhe de um jeito primitivista, aqui ele procura os limites entre o rabisco e o controle, consolidando a sua abordagem punk-pop aos clássicos. A vitalidade de sua linha sempre foi uma virtude crucial, e aqui ele a usa, quase que de forma alquímica, em um espaço simbólico, onde cada detalhe é rico em significados, e onde o seu senso natural de design trabalha a serviço de ornamentos imperfeitamente texturizados.


LEGAL #2. Depois do depoimento de John Byrne no processo que Marv Wolfman ajuizou contra a Marvel pelos direitos de Blade, Daniel Best, do 20th Century Danny Boy, publicou o de Jim Shooter, o polêmico editor-chefe da Marvel entre 1978 e 1987.


MY PERMISSION TO DIE. J. Caleb Mozzocco, em seu blogue [Every Day Is Like Wednesday], resenhou Batman versus Bane, encadernado caça-níquel lançado pela DC com a minissérie Batman: Bane of the Demon e o especial Batman: Vengeance of Bane [que aqui no Brasil foi publicado pela Abril em uma edição com capa metalizada da revista Superpowers]. Tudo de Chuck Dixon e Graham Nolan [esse arte-finalizado por Tom Palmer, Eduardo Barreto e Bill Sieknkiewicz].

Não li o Bane of the Demon, mas concordo em linhas gerais com os comentários sobre Vengeance of Bane – Graham Nolan é um desenhista que escapou dos maneirismos mais trash dos anos 90 e Dixon tem boas idéias [muito embora não saiba desenvolvê-las].

A história de origem de Vengeance é uma sólida, que envelheceu bastante bem. Eu lembro de ter ficado extremamente impressionado por ela e por Bane da primeira vez que li a história quando adolescente -- Dixon certamente trabalhou em fazer de Bane uma ameaça crível [...].

Gastando a primeira metade da história mostrando Bane crescendo em uma das piores prisões do mundo, ele também tenta criar afinidades com o vilão. Até quando ele cruza a linha e mata pessoas às dúzias, você ainda pode apreciar a natureza de superação pessoal de sua história de origem, que inclui milhões de flexões e abdominais, luta submarina diária contra peixes (a cela da prisão estava sob o nível do mar) e um punhado de leitura.


PASSO A PASSO. Duncan Fegredo postou, em seu blogue, abundantes imagens para descrever o seu processo de criação de página. 

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