NFN#49




RISE #6. Jonathan V. Last, no The Weekly Standard, sobre o conservadorismo de O Cavaleiro das Trevas Ressurge:

[...] a pesar das aparências, O Cavaleiro das Trevas Ressurge não é um ataque ao movimento Occupy Wall Street (ao qual o roteiro é anterior em quase um ano). Nolan está em busca do peixe grande: reagindo à crise financeira de 2008, ele se pergunta, pode o liberalismo sobreviver aos seus próprios excessos?

Em entrevistas, Nolan disse que O Cavaleiro das Trevas Ressurge foi formado em grande parte por Um Conto de Duas Cidades. Vale a pena lembrar, no entanto, que a visão de Dickens sobre a Revolução Francesa era complexa. Ele deplorava a revolução, mas também não tolerava o ancien régime. Como Orwell ressaltou, "Dickens vê de forma suficientemente clara que a Revolução Francesa estava destinada a acontecer e que muitas das pessoas que foram executadas merecia o que aconteceu com elas. Se, ele diz, se você se comporta como a aristocracia francesa se comportou, vai haver vingança".

O que Nolan busca em O Cavaleiro das Trevas Ressurge são duas verdades profundas. Primeiro, que, em que pese o quão estável e pacificada Gotham pareça -- e em que pese sejam bons os frutos da ordem liberal -- nós devemos perceber que ela ainda é parte da Cidade do Homem, imperfeita e sujeita a fraqueza inerente. O liberalismo é necessário, mas não suficiente, para justiça e paz. E, se abandonado para seguir o seu caminho, pode criar uma terrível reação em cadeia. O segundo argumento de Nolan é que o homem que pretende comandar esses eventos (Robespierre, Stalin Bane) não é confiável. Essa é uma leitura profundamente conservadora dos assuntos humanos. [...]

Você realmente deveria ler todo o artigo; ele tem argumentos interessantes sobre O Cavaleiro das Trevas também.

Também no The Weekly Standard, John Podhoretz, sobre o ponto de vista moral do filme:

Essa visão de mundo maniqueísta vai bem com o que se poderia chamar de perspectiva Tory tranqüila de Christopher Nolan. O tema que passa pelos três filmes do Batman (o primeiro, Batman Begins, não foi muito bom, ainda que Nolan e Jonathan, o seu irmão e co-roteirista, nele busquem bons apoios para o plot do novo) é a batalha entre ordem e caos, com Nolan se encontrando de forma não-ambígua do lado da ordem.

Nolan sabe exatamente o que ele está fazendo quando ele coloca a retórica do movimento Occupy Wall Street na boca de um dos vilões. O Cavaleiro das Trevas Ressurge é uma clássica versão em quadrinhos de Edmund Burke.

Retrato de Bruce Wayne, circa 1959.
É um bom momento para você lembrar disso.

Mudando de saco para mala, o Blog do Graveheart tentou justificar, com mais [a cura da coluna] ou menos [Batman teve tempo de escapar da nave no final do filme; ignorou o fato de que, segundos antes da explosão, há um close do personagem dentro da nave] sucesso, os buracos no roteiro do filme.

A tentativa é válida, mas a importância disso meio relativa: de que forma mesmo o filme teria ficado melhor se fosse 15 minutos mais longo para mostrar Bruce Wayne voltando para Gotham? E não é como se a maioria dos filmes favoritos do nerdismo tivessem roteiros embalados a vácuo [os três links te levam para o Cracked].


LENDO ALAN MOORE #4. Tim Callahan, no Tor, resenhou Judgment Day, o mega-crossover que Alan Moore escreveu para o universo Awesome, de Rob Liefeld.

Acima de tudo, Judgment Day parece uma aplicação direta do que Alan Moore fez em Supreme, combinada com uma versão muito mais simplificada de Watchmen. Se não tivesse o nome de Alan Moore nos créditos, seria fácil ler Judgment Day, especialmente a sua primeira edição, como o trabalho de alguém escrevendo uma imitação aguada do influente trabalho de Moore da metade da década de 80. Como Watchmen, Judgment Day começa com a morte de um super-herói, e, como Watchmen, o fio condutor é descobrir o mistério por trás da morte do personagem e, de novo, como em Watchmen, a própria natureza dos gibis de super-heróis é desconstruída no processo de contar a história.


OBJETIVO. No Ditkocultist, uma resenha de The Creativity of Ditko, livro sobre [quem quem quem?] Steve Ditko organizado por Craig Yoe.


ARANHOSO. E já que estamos com grandes artistas que passaram pelo Homem-Aranha, Pepo Pérez, no Es Muy de Cómic, publicou partes de uma entrevista que Gerry Conway e John Romita deram para Dan Johnson, em 2006, na revista Back Issue [#18, outubro 2006].

GC: [Matar a Gwen e depois o Duende Verde] foram decisões separadas. Como eu lembro, John, acredito que foi tua a idéia de matar a Gwen Stacy...

JR: Bom, nós tínhamos decidido matar alguém. A idéia original que nos levou a isso foi que a Tia May ia morrer. Lembro de falar a Gerry que a Tia May era muito importante para a identidade secreta de Peter. Sei que ela é um pé no saco para um monte de leitores, mas era um bom complemento e, enquanto a Tia May estivesse por aí, Peter continuaria sendo um garoto. Sugeri que, se fossemos matar alguém, deveria ser Gwen ou Mary Jane. [...] Essa foi a única sugestão que eu dei a Gerry quando nós criamos o plot. Pensei que, se fosse morrer alguém, deveria ser a Gwen.


É A GUERRA. Diversos quadrinistas estavam no exército americano durante a Segunda Guerra Mundial [Jack Kirby, que estava na linha de tiros, Stan Lee, Joe Sinnott, Sheldon Moldoff, Ross Andru...], dentre os quais Jerry Siegel, co-criador do Super-Homem. No 20th Century Danny Boy, Daniel Best publicou uma carta que esse enviou para Jack Liebowitz, co-proprietário da National Comics [editoria que viria a se tornar a DC Comics] que dá uma idéia do que ele fazia por lá. Resumo da história: era light.


REI #6. Sabe quem é muito mestre? Jack Kirby.

Kamandi # 16, páginas 2 e 3.
Agradeçam a Rob Steibel, do Kirby Dynamics.


INÍCIOS. Mark Waid escreveu um post no estilo “remeeeember” em seu próprio blogue sobre o seu primeiro trabalho nos quadrinhos -- sub-sub-editor da DC, em 1987.


DIAS ESTRANHOS. Entre o início do Comics Code Authority [mais ou menos em 1954] e a saída do seu editor Jack Schiff [uns dez anos depois], as histórias do Batman eram... calcadas em conceitos de ficção científicas elevados ao máximo do breguismo, e eu nem sei de que outra forma poderia descrever isso:

A proverbial imagem que vale mais
do que mil palavras.
Colin Smith escreveu sobre o período no Sequart e em seu próprio blogue, Too Busy Thinking About My Comics, tomando por base a história Prisoners of Three Worlds, publicada em Batman #513 [um alien de goblinesco é descoberto roubando prata de vários lugares de Gotham, e a tentativa da Bat-família de pará-lo resulta com eles sendo transportados para vários destinos em outros mundos]. No primeiro, concentrou-se na contextualização e no roteiro de Bill Finger; no segundo, nos desenhos de Sheldon Moldoff.

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