A editora SelfMade Hero acabou de lançar nos EUA o ganhador
do prêmio de melhor álbum do último Festival de Angoulême, Quai d’Orsay, de
Christophe Blain [de Isaac, o pirata] e Abel Lanzac -- “nome artístico” de
Antonin Baudry, atual conselheiro cultural da embaixada da França nos Estados
Unidos e, entre 2002 e 2004, funcionário do Ministério das Relações Exteriores
responsável por escrever os discursos do primeiro ministro francês relacionados
a cultura e economia internacional.
Quai d'Orsay, ou Weapons of Mass Diplomacy [seu título nos
EUA], é uma paródia autobiográfica sobre os bastidores diplomáticos da Guerra
do Iraque. E isso tudo é uma introdução longa justificada por DOIS links: uma
resenha no Washington Post, escrita por Michael Cavna; e uma entrevista a
Lanzac/Baudry [que, aliás, foi indicado ao prêmio César pela adaptação do gibi
para os cinemas] por Susannah Hunnewell, da Paris Review.
Cavna disse que o gibi acerta a tênue linha entre a sátira e
a realidade, um “talento especial francês” para a “sátira política”, com um
“jeito sarcástico de surrealidade palaciana”. O [excelente] Blain também ganhou
elogios: “o ilustrador retrata toda essa ação e fala-dupla com poesia visual e
uma impressão física fluída como a de Jules Feiffer”.
Na Paris Review, Lanzac/Baudry comentou como chegou ao cargo
por acaso [“aceitei o trabalho porque acho que muitos escritores não tem
experiência com o mundo real”], as diferenças entre escrever discursos, livros,
gibis e filmes, e os personagens secundários da história [heróicos servidores
públicos e o filósofo grego Heráclito]. Falou, ainda, o seu objetivo com Quai
d’Orsay: “queria mostrar no gibi e no filme como processos irracionais podem levar
a resultados racionais. É uma história hegeliana. Como diz Hegel, a coruja de
Minerva apenas voa ao entardecer. Representa a sabedoria, que só aparece no
final do dia. Você não pode entender a lógica do processo, mas ela existe”. [QUADRINHOS]
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