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Peter Bebergal, da revista The Believer, entrevistou Alan
Moore [+], mago, barbudo e mestre dos quadrinhos.
A conversa começou com Jerusalem, livro que Moore está
escrevendo desde 2006 [meio milhão de palavras e a previsão para acabá-lo é o
início do ano que vem: prepare-se]. Moore descreveu o livro como
"legível" e "indefinível", parte realismo social ambientado
em um bairro desprivilegiado, parte fantasia desgarrada lidando com
"fantasmas, fadas, anjos e todo o tipo de criaturas fantasmagóricas".
"Tenho pensado em chamar isso de 'ficção científica', mas por maldade,
principalmente para incomodar as pessoas que tem uma definição muito rígida do
que ficção científica deveria ser".
O livro é inspirado na ideia [que Moore aponta como
implícita na física moderna pós-Einsten] de que existem quatro dimensões
espaciais. A quarta é a que nós percebemos como o PASSAR DO TEMPO: "o
nosso continuum tem pelo menos quatro dimensões sólidas nas quais o tempo está
passando, onde cada momento que já existiu ou vai existir está suspenso,
eternamente congelado".
Tratando-se de Moore, você não deveria estranhar que isso
logo descambasse em mágica -- não deveria mesmo, porque é o que acontece,
especialmente no que se refere à sua relação com a arte ["basicamente
sinônimos"]. Daí pra Promethea é um pulo: o gibi foi escrito com intenções
mágicas, com o objetivo de "induzir um tipo de estado mágico no
leitor". Bebergal aproveitou o gancho e comentou a passagem de Moore no
Monstro do Pântano [+] [que definiu como o verdadeiro oposto do Super-Homem: uma
criatura quase pagã que já foi humana e está ligada à Terra]. Moore comentou
que se tratava de reformular sem mudar a continuidade estabelecida, ampliando o
horizonte de possibilidades do personagem.
Pra fechar, Moore descreveu o método de desenvolvimento de
personagens: entendê-los e "afinizá-los". O primeiro exemplo são os
fascistas totalitários de V de Vingança [+], de inspiração nazista: "me
dei conta de que não poderia retratá-los apenas como vilões, porque todo mundo
sabe isso, e daí você não diz nada. Daí você está contribuindo para o mito de
que os nazistas estavam de alguma forma separados do resto da humanidade, e
eles não estavam". [NFN DIÁRIO]
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