NFN#44



NA MIRA. A minissérie Hawkeye, sobre o vingador arqueiro, de Matt Fraction e David Aja, ganhou pelo menos três resenhas [meio escritas no piloto automático, a verdade deve ser dita] ao longo do dia.

Teve a de Chris Sims, no Comics Alliance: O conceito "Gavião Arqueiro em seu dia de folga" que é apresentado na primeira página encaixa nesse gibi como uma luva, e é uma escolha interessante. Depois dessas primeiras páginas, onde ele é jogado de um prédio, Clint não usa mais o seu uniforme, e ninguém chama ele de "Gavião Arqueiro". Em vez disso, é apenas Clint Barton em um terno -- um terno de verdade, com uma camiseta e uma gravata, não o couro roxo que faz ele parecer o parceiro de tênis do Prince -- lidando com as coisas em um perfil relativamente baixo. No lugar do, digamos, perfil Loki das coisas com a que ele tem que lidar em seu trabalho diário.

Outra de Steve Morris, no Comics Beat: Hawkeye #1 é uma edição forte, tanto na escrita quanto (para surpresa de ninguém) nos desenhos de Aja. Faz algum tempo que Aja é um dos mais inteligentes e criativos artistas da indústria, e o seu storytelling não tem comparação. Ele se sobressai aqui mais uma vez, com uma série de cenas que poderiam ser extremamente chatas, mas que são, em vez disso, visualmente intrincadas e fascinantes. Muitas cenas de conversa, Gavião Arqueiro quase não usa o seu disfarce, e mesmo assim Aja consegue criar diversos painéis, colocados de uma forma que auxiliam cada cena.

E a de Kelly Thomspon, no CBR: O jeito indie dessa primeira edição já é evidente até mesmo em seu início, com uma introdução leve (e muito divertida) na primeira página. A arte não-tradicional e o estilo não usual do roteiro apenas reforçam a sensação de que essa história é algo único. No final da edição, os leitores vão ter grandes dificuldades em não achar que é uma revista indie disfarçada como uma das duas-grandes dos quadrinhos.


MÚSCULOS EM FUNCIONAMENTO. Sean Rogers, do The Comics Journal, fez uma looooonga resenha de Flex Mentallo, primeira colaboração de Grant Morrison e Frank Quitely recentemente relançada em uma edição de luxo.


TIJOLÃO. Colin Smith resenhou Concrete: Complete Short Stories 1986-1989, de Paul Chadwick, no Sequart.

[...] o Concrete [...] habita um mundo que, além de sua anômala existência, não é diferente da nossa Terra nos anos oitenta. Não existem super-vilões que enfrentar ou super-heróis com os quais [...] se aliar. E, mesmo que houvessem, Concrete não estaria interessado em se misturar com eles (poucas pessoas inteiramente sãs estariam, no final das contas). [...] a própria vida já se mostra difícil o suficiente para Concrete. Até mesmo a menor e mais fácil atividade é agora um desafio. [...] Para onde quer que ele vá, a sua presença se sobressai como totalmente diferente, e, no entanto, não existem outras coisas nele que chamem a atenção. Assim que as pessoas superam o impacto de sua aparência, ele não é mais interessante do que você ou eu. [...] Ele é uma celebridade sem carisma ou conquistas, alguém destacado sem um propósito ao qual servir ou um contexto pelo qual ser definido.


MORTINHA. Depois de Watchmen e de sair da série do Monstro do Pântano, Alan Moore escreveu algumas hqs para editoras alternativas. São histórias experimentais, que tocam nas experiências com magia do barbudão de Northampton, e, via de regra, meio que impenetráveis [ainda que seja a época de gestação do magnífico Do Inferno]. Um bom exemplo da produção do período é The Birth Caul [também desenhada por Eddie Campbell]. Outro, A Small Killing [com Oscar Zarate], aqui resenhado por Hannah Means-Shannon para o Sequart.


NADA SOMBRIO. Alexi Sargeant, no Acculturated, escreveu um artigo sobre o problema de se fazer um filme do Super-Homem no século XXI: são tempos cínicos.

[...] a indústria dos quadrinhos continuamente falha em viver à altura dos ideais altruísticos que os seus personagens defendem, como testemunha o tratamento dispensado a grandes criadores como Jack Kirby e Alan Moore. Ironicamente, a DC Comics tenta há décadas replicar o sucesso de Watchmen, de Moore, mas em vez de aprender de seu storytelling sofisticado, eles se concentram principalmente em imitar o seu tom escuro. E talvez essa insistência em preencher revistas divertidas com melancolia e o conseqüente preconceito de que filmes de super-heróis "que valem a pena" devem ser graves e sombrios é o que impede o maior dos super-heróis, o Super-Homem, de ter sucesso no cinema contemporâneo.


HISTÓRICO VIOLENTO. Karl Keily entrevistou John Wagner, escritor de A History of Violence [que foi levado ao cinema por David Cronenberg, em filme aqui lançado com o título de Marcas da Violência] e de, conforme estatísticas apuradas pelo DataNerd, 50% dos gibis ingleses que tu já leu. É no CBR.


HIGHBROW. Matthias Wivel, no The Hooded Utilitarian, escreveu um artigo sobre uma exposição na Royal Academy, em Londres, sobre Edgar Degas, que, se não te ensinar alguma coisa sobre como o movimento é representado em uma história em quadrinhos, pode servir pra tu tentar impressionar alguém com os teus conhecimentos sobre a arte do século XIX.

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