NFN#38




CIENTOLOGIA. Tony Ortega, do Village Voice, publicou uma entrevista que Neil Gaiman, cientologista de segunda geração, deu à rádio BBC. Com sete anos de idade. 


SLICE OF LIFE. No The Comics Journal, Rob Clough resenhou Monsieur Jean: The Singles Theory, de Philippe Dupuy e Charles Berberian. Pela descrição, parece uma versão mas sutil do típico quadrinho mezzo auto-biográfico, mezzo auto-depreciativo do undigrudi americano:

O acontecimento mais traumático dessa história é que o melhor amigo de Jean, Felix, se vê obrigado a morar com ele depois de ser largado por uma agora ex-namorada. A dupla bebe, come, vai a festas, trova mulheres e troca comentários espirituosos.


RISE #4. Ross Douthat, no New York Times, também falou sobre as politiquices de The Dark Knight Rises. Como eu [dar-se crédito é uma parte], corneteou a resenha de Andrew O’Hehir, no Salon:

Sem entrar muito fundo no por que a caracterização que O'Hehir fase da "mais pura forma" de fascismo consegue excluir cada um dos aspectos definidores do fascismo da forma em que ele de fato existiu, deixe-me apenas dizer que um filme do Batman genuinamente "fascista" teria concluído com o cruzado mascarado usando o caos gerado pelos terroristas e revolucionários como uma justificativa para afastar as instituições políticas que existem em Gotham e controlar a cidade por decreto, com as empresas Wayne fusionadas com a prefeitura, o bat-sinal servindo de brasão a cada edifício público, e a vontade coletiva do povo de Gotham canalizada através da vontade individual superior de Il Batman (e o seu sucessor, Der Robin, provavelmente).

Não faço a menor idéia de se isso é pertinente ou não [não vi o filme, minhas mãos coçam], mas não consigo evitar o registro:

Tudo isso para dizer que Nolan não está tentando empurrar uma parábola, versão Ayn Rand, sobre heróicos capitalistas de Gotham ameaçados por arruaceiros parasitas ressentidos. O seu modelo, como as referências literárias do filme deixem claro, é Um Conto de Duas Cidades, não A Revolta de Atlas, o que quer dizer que ele está ao mesmo tempo tanto reconhecendo as injustiças do regime existente, quanto sugerindo que as alternativas revolucionárias e anarquistas seriam muito, muito piores. Ao longo da trilogia, o que separa Bruce Wayne de seus mentores da Liga das Sombras não é a crença na bondade de Gotham; é a crença que vale a pena defender uma ordem imperfeita, e de que coisas piores que corrupção e desigualdade vão seguir à derrubada dessa ordem. Essa é uma mensagem conservadora, mas não uma triunfalista, de bater no peito e celebrar o capitalismo: mostra um "toryismo discreto" [...] no lugar de um americanismo ruidoso, e deve mais a Edmund Burke do que a Sean Hannity.

Esse é Edmund Burke, se perguntando como
ele foi parar em uma resenha de um filme do Batman.


VILANIA. Kiel Phegley, do CBR, entrevistou Chuck Dixon, que escreveu A Queda do Morcego e criou Bane, o vilão de The Dark Knight Rises. E resulta que, ei, os caras da DC são legais:

Graham e eu assinamos contratos de participação [...]. Nós vimos dinheiro de Bane o tempo todo -- dos jogos de Lego aos espaguetes em forma de Bane. Nós sempre pegamos um pedaço do que o Bane gera. Nós vamos ganhar dinheiro pelo filme [...]. Em Batman Begins, na cena em que Bruce Wayne escolhe o batmóvel a partir de sua própria garagem -- eu liguei para Paul e disse 'Eu sou o único cara que escreveu essa cena em Detective [Comics] #0. Em todas as outras versões, ele e Alfred construíam o carro'. E Paul disse 'você tem razão' e me deu um cheque.

"Eu fui o primeiro escritor de Batman a usar uma camiseta
havaiana segurando um gibi do GI Joe. Onde está meu cheque?"


PRIMEIRA PÁGINA. Ainda no CBR, Greg Burgas analisou a primeira página de Sandman #12 [Neil Gaiman e Chris Bachalo]. No mesmo post, tem a versão original e a recolorização para o Absolute Sandman. Preferi a primeira: a luz photoshopada a partir dos lustres me pareceu especialmente lamentável.


ALEGRIA ALEGRIA. Mais CBR: Kiel Phegley entrevistou Grant Morrison. Passou pela nomeação de Morrison como membro da "Most Excellent Order of the British Empire" e pelo livro Supergods para chegar nova série Happy!, que o próprio vai escrever com desenhos de Darick Robertson [para a Image].


SAI DAQUI INDIE. Na Berserker Magazine, uma coletânea das notícias relativas a quadrinhos alternativos que foram paridas na SDCC.


FORA DA CASINHA. No Diversions of the Groovey Kind, foi pro ar um texto de Rich Buckler sobre o surrealismo nas capas de hqs – com várias capas do próprio.


VINGATIVOS. Tava cansado do CBR? Cada um com seus problemas. Dave Richards entrevistou Jonathan Hickman, que vai assumir os roteiros da nova série dos Vingadores.


LACÔNICO. SÓ QUE NÃO. Isso é sensacional [não me julgue]. Você se lembra do perguntas e respostas do Guardian ao Daniel Clowes, que eu linkei aqui ontem? Ele publicou um antes-e-depois em seu blogue. Basicamente, como Daniel Clowes parece ignorar o conceito de “respostas curtas”, Rosanna Greenstreet decidiu respondê-las por ele com base em palavras aleatoriamente escolhidas dentro de uma frase:

Qual seria o seu super poder?
RESPOSTA:
Quando eu era adolescente, lembro de desejar que eu tivesse os poderes do Homem-Elástico, para que eu pudesse estender o meu braço até o andar de baixo e alcançar a comida na cozinha sem ter que me levantar da cadera.
Resposta impressa:
Os poderes do Homem-Elástico.

Quais são as palavras ou frases que você mais usa?
RESPOSTA:
Uma vez, em uma resenha do filme Ghost World, o crítico John Simon citou extensamente uma entrevista dispersa que eu dei para argumentar que eu era um idiota inarticulado. Acho que eu sei a palavra "realmente" umas nova vezes em duas frases.
Resposta impressa:
"Realmente".

Se você pudesse voltar no tempo, o que você faria?
RESPOSTA:
Gosto de pensar que eu mataria Hitler ou me asseguraria da divindade de Cristo, mas, na verdade, eu gostaria de ver como era o meu bairro quando a minha casa foi construída em 1912. Ou talvez dar uma passada em Bodega Bay quando Hitchcock estava filmando Os Pássaros.
Resposta impressa:
Mataria Hitler.


LENDO ALAN MOORE #2. Tim Callahan não desistiu e por isso foi recompensado: chegou a vez de reler Supreme, de Alan Moore. É no Tor.

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