Gene Phillips, do excelente [e rebuscado] Archetypal Archive
escreveu uma série de artigos para explicar a diferença entre arquétipo e
estereótipo. São quatro artigos, dois dos quais são particularmente
interessantes: o segundo, no qual Phillips analisa estereótipos a partir de
Superduperman, a sátira de Harvey Kurtzman e Wally Wood publicada na Mad, e de
Ebony White, o coadjuvante negro do Spirit de Will Eisner; e o quarto, sobre
arquétipos, comparando o do Super-Homem com o do Homem-Aranha de Steve Ditko e
Stan Lee.
Em Superduperman, Phillips falou, o “Super-Homem como
Super-Homem não é avacalhado: Kurtzman debocha apenas de um aspecto do
personagem, o seu flagrante desrespeito pelas leis da ciência. E eu não tenho
problema em admitir que o personagem é estereotipado nesse ponto. Os leitores
do Super-Homem sabem que os seus poderes não fazem sentido desde o ponto de
vista da ciência do mundo real, então a sátira de Kurtzman não tem nenhum
efeito sobre a vontade dos leitores em ignorar a verossimilhança em favor de
uma fantasia”.
Como eu disse, o outro exemplo de estereótipo x estereótipo
é Ebony White, o coadjuvante das histórias de Spirit formado por um acúmulo de
estereótipos hoje em dia considerados racistas -- que é contrastado pelo
próprio Eisner com o estereótipo de “homem negro raivoso” que o substituiu:
Já o Homem-Aranha é um arquétipo próprio, relacionado ao do Super-Homem: “o Homem-Aranha não é uma sátira do Super-Homem, mas uma tentativa de evoluir uma nova ética para o herói disfarçado; de mostrar que ele é mais herói porque lida tanto com gastos médicos quanto com homens-lagarto”. A comparação tem a sua origem nas primeiras histórias do Aranha, “cheias de referências ao mito do Super-Homem”, em formato de “crítica à ausência de ‘problemas reais’” do personagem. [QUADRINHOS]


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