NFN#83: MATT WAGNER, PAUL GRIST, CHRIS WARE E JACK KIRBY!




NÃO SE PODE AGRADAR A TODOS ETC #4. O The Hooded Utilitarian segue promovendo o ódio. Depois de Tank Girl, do Lanterna Verde de Geoff Johns e de Chris Ware, chegou a vez de Batman/Grendel II, crossover entre os personagens escrito e desenhado por Matt Wagner. O artigo é escrito por Jason Michelitch que, demonstrando não ser muito bom nesse negócio de "odiar", usou mais da metade do texto para falar bem de outras hqs de Wagner.

O seu primeiro grande trabalho, Mage, uma tradicional história de jornada fantástica recontada do jeito urbano-americano-década-de-80 então corrente e filtrada através de uma gaze de iconografia quadrinística, era uma emocionante obra aprenda-enquanto-faz que apenas um jovem cartunista pode produzir -- a cada página e a cada capítulo, você pode ver Wagner ganhando confiança e competência na mesma medida, a sua habilidade rapidamente alcançando a sua ambição. Pela metade de Mage, Wagner começou o seu outro grande trabalho inicial, Grendel: Devil by the Deed, um remake de sua primeira série em quadrinhos, a sua crua mais vibrante participação no boom de quadrinhos preto-e-branco da década de 80 chamada Grendel, sobre um jovem e rico sociopata chamado Hunter Rose que, em busca de um desafio, se transforma na maior mente criminosa do mundo. Superando o estilo de quadrinhos aventuresco ligeiramente influenciado por mangá de seus trabalhos anteriores, e tendo evoluído de forma substancial como desenhista, Wagner recontou (e expandiu) toda a história de Grendel com uma série de quadros e textos de apoio, os painéis das páginas dos gibis divididos em algo que lembrava a composição de vitrais. Foi uma experiência que ganhou elogios do então-recém superstar Alan Moore em sua introdução à edição encadernada, e, sendo lançado simultaneamente com as virtuosas últimas edições de Mage como foi, junto anunciaram Wagner como alguém a se ficar de olho.


NOIR. Tim Hayes, no seu próprio blogue, entrevistou Paul Grist, quadrinista britânico por trás da série policial Kane [imagine uma mistura de Jeff Smith e Scott McCloud desenhando Sin City, sem as prostitutas sado-masoquistas] e da super-heróica Jack Staff, ambas publicadas atualmente [a primeira apenas em encadernados] pela Image Comics. Também desenhou, como eu te disse exclamativamente aquiSt. Swithin’s Day, roteirizada por Grant Morrison.

Hayes escreveu uma postagem introdutória antes da entrevista, na qual apresentou as duas séries mais ou menos assim:

Enquanto Kane é um tratamento enfático para temas sofisticados, uma história sobre adultos que tomam decisões ruins, Jack Staff é quase o contrário. Sob a caneta de Grist, uma história de super-heróis é uma divagação sobre uma idéia universal, uma que diz que o passado ainda não é passado, para personagens que parecem presos em uma adolescência perpétua.

De volta para a entrevista, a conversa sobre Kane é a seguinte:

“Hill Street Blues [lançada no Brasil com o nome de Chumbo Grosso] é basicamente o molde para Kane: a história tem múltiplos enredos com um elenco amplo, e uma mistura entre drama e comédia", concorda Grist. "Eu amei fazer Kane. Acho que de forma geral, se você não está trabalhando em sua história em quadrinhos favorita, você está provavelmente fazendo algo errado, e certamente me ajudou a me tornar conhecido dentro da indústria".

Os esforços de Grist no enredo de Kane certamente eram notáveis, já que ele trabalhava muito nas páginas. Uma edição é contada desde um ponto de fuga fixo no banco de trás de um carro patrulha; outra transcorre sem falas ou textos de apoio. Um gangster fala de uma forma emprestada do Don Corleone de Marlon Brando, através de balões de fala fonéticos; o próprio Kane muitas vezes não diz nada. Officer Kate Felix, muitas vezes a voz da razão, protagoniza uma das grandes edições fechadas de qualquer gibi, com um incidente de sua infância e uma crise no presente transcorrendo de forma paralela.

"Apenhas tento fazer que a página seja visualmente interessante", comenta Grist. "Histórias em quadrinhos são um meio visual, então quando uma pessoa apenas coloca um quadro depois do outro, acho que eles não estão usando o meio em todo o seu potencial de verdade. Isso para mim parece dançar sem mexer os próprios pés".

Não consigo produzir sensação de profundidade desenhando um CUBO. Paul Grist consegue fazê-lo
em uma sala que flutua NO ÉTER BRANCO. Momento Boça NFN.



ENCAIXADO #2. Christopher Borrelli escreveu um perfil de Chris Ware para o Chicago Tribune.

Isso explica muita coisa:

Quando ele era uma criança, Ware se identificou de forma profunda com Charlie Brown, ele diz. Ele lembra de uma identificação tão profunda que ele mandou para Charlie Brown um cartão de dia dos namorados. "'Peanuts' foi a primeira tira em quadrinhos com um personagem verdadeiramente empático, e Charlie Brown foi o primeiro personagem que te alcançava pelo coração. Uma tira em quadrinhos é boa para contar piadas e para ter um olhar depreciativo (sobre os personagens), mas, no trabalho de Charles Schulz, você sempre sentia os personagens. Então eu tinha muita pena de Charlie Brown, o que é uma coisa incrível de se produzir usando apenas quatro pequenos desenhos. Eu me sentia horrível por ele. Eu dei o cartão para a minha mãe e pedi que ela enviasse para Charlie Brown e ela disse 'certo' e provavelmente colocou ele no lugar para onde vão as cartas para o Papai Noel".

[...] Quando ele tinha 13 anos e o seu amor por quadrinhos se transformou em um profundo apreço pelo meio, ele enviou uma carta para Schulz, explicando que talvez quisesse ser um quadrinista. Mas ele enviou para o endereço errado e a carta foi devolvida. Esse é o tipo de história que, se resumida em quatro quadrinhos de uma tira, seria uma história do Charlie Brown.

Sobre Building Stories, a sua última "história em quadrinhos":

O fotógrafo [da matéria, que pediu para ver a hq] colocou a caixa em seu colo, tirou a tampa e ficou maravilhado. Ware se virou de costas. Perguntei se essa era a primeira vez que ele deixava alguém olhar para ela. Exatamente por isso que estou de costas, ele disse, resumindo um sorriso achatado.

Você entenderia isso também se o seu último livro não fosse nada como um livro, mas 14 livros individuais cheios de tédio, colocados dentro de uma caixa -- 14 livros que contam as histórias entrelaçadas dos moradores de um edifício residencial em Chicago. (Não precisa nem ser dito que não vai ter uma versão para o Kindle). O primeiro livro é retangular e sem nenhuma palavra, a história de uma mulher que, mais ou menos, existe -- ela empurra o seu bebê no carrinho, as estações passam, a criança fica mais velha, a mulher, mais solitária. Outro livro [...] é narrado pelo próprio prédio, que, em uma sequência, soma cada gravidez, vazamento de água, nota de suicídio, gato, televisão e crise espiritual que aconteceram em seus 104 anos. 

Borrelli provavelmente está falando disso.


Tem uma cópia de "The Daily Bee", o jornal ("God Save the Queen") publicado pela colméia do bairro. Outro livro mostra a planta dos apartamentos, e se desdobra como um jogo de tabuleiro.

Me vejo em um futuro próximo, tentando convencer um funcionário
da alfândega brasileira que isso é um livro [consequentemente,
imune a impostos]. E fracassando.


REI POLIFACÉTICO. Harry Mendryk, do blogue Simon and Kirby, encontrou e publicou duas artes originais da história Tough Little Vamint, publicada na revista Bullseye #5 [abril de 1955]. Não se sabe quem é o desenhista, mas elas estão colorizadas por Jack Kirby -- o que gerou um pequeno artigo. 

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