NÃO SE PODE AGRADAR A TODOS ETC #4. O The Hooded Utilitarian segue promovendo o ódio. Depois de Tank Girl, do Lanterna Verde de Geoff
Johns e de Chris Ware, chegou a vez de Batman/Grendel
II, crossover entre os personagens escrito e desenhado por Matt Wagner. O
artigo é escrito por Jason Michelitch que, demonstrando não ser muito bom nesse
negócio de "odiar", usou mais da metade do texto para falar bem de
outras hqs de Wagner.
O seu primeiro grande trabalho, Mage, uma tradicional história de jornada fantástica recontada do jeito
urbano-americano-década-de-80 então corrente e filtrada através de uma gaze de
iconografia quadrinística, era uma emocionante obra aprenda-enquanto-faz que
apenas um jovem cartunista pode produzir -- a cada página e a cada capítulo,
você pode ver Wagner ganhando confiança e competência na mesma medida, a sua
habilidade rapidamente alcançando a sua ambição. Pela metade de Mage, Wagner começou o seu outro grande trabalho
inicial, Grendel: Devil by the Deed,
um remake de sua primeira série em quadrinhos, a sua crua mais vibrante participação
no boom de quadrinhos preto-e-branco da década de 80 chamada Grendel, sobre um jovem e rico sociopata chamado
Hunter Rose que, em busca de um desafio, se transforma na maior mente criminosa
do mundo. Superando o estilo de quadrinhos aventuresco ligeiramente
influenciado por mangá de seus trabalhos anteriores, e tendo evoluído de forma
substancial como desenhista, Wagner recontou (e expandiu) toda a história de
Grendel com uma série de quadros e textos de apoio, os painéis das páginas dos
gibis divididos em algo que lembrava a composição de vitrais. Foi uma
experiência que ganhou elogios do então-recém superstar Alan Moore em sua
introdução à edição encadernada, e, sendo lançado simultaneamente com as
virtuosas últimas edições de Mage
como foi, junto anunciaram Wagner como alguém a se ficar de olho.
NOIR. Tim Hayes, no seu próprio blogue, entrevistou Paul Grist, quadrinista
britânico por trás da série policial Kane
[imagine uma mistura de Jeff Smith e Scott McCloud desenhando Sin City, sem as prostitutas
sado-masoquistas] e da super-heróica Jack
Staff, ambas publicadas atualmente [a
primeira apenas em encadernados] pela Image Comics. Também desenhou, como eu te disse exclamativamente aqui, St. Swithin’s Day, roteirizada por Grant Morrison.
Hayes escreveu uma postagem introdutória antes da entrevista, na qual apresentou as duas séries mais ou
menos assim:
Enquanto Kane é um tratamento
enfático para temas sofisticados, uma história sobre adultos que tomam decisões
ruins, Jack Staff é quase o
contrário. Sob a caneta de Grist, uma história de super-heróis é uma divagação
sobre uma idéia universal, uma que diz que o passado ainda não é passado, para
personagens que parecem presos em uma adolescência perpétua.
De volta para a entrevista, a
conversa sobre Kane é a seguinte:
“Hill Street Blues [lançada no
Brasil com o nome de Chumbo Grosso] é basicamente o molde para Kane: a história tem múltiplos enredos com um
elenco amplo, e uma mistura entre drama e comédia", concorda Grist.
"Eu amei fazer Kane. Acho que de
forma geral, se você não está trabalhando em sua história em quadrinhos
favorita, você está provavelmente fazendo algo errado, e certamente me ajudou a
me tornar conhecido dentro da indústria".
Os esforços de Grist no enredo de Kane certamente eram notáveis, já que ele trabalhava muito nas páginas. Uma
edição é contada desde um ponto de fuga fixo no banco de trás de um carro
patrulha; outra transcorre sem falas ou textos de apoio. Um gangster fala de
uma forma emprestada do Don Corleone de Marlon Brando, através de balões de
fala fonéticos; o próprio Kane muitas vezes não diz nada. Officer Kate Felix,
muitas vezes a voz da razão, protagoniza uma das grandes edições fechadas de
qualquer gibi, com um incidente de sua infância e uma crise no presente
transcorrendo de forma paralela.
"Apenhas tento fazer que a página seja visualmente
interessante", comenta Grist. "Histórias em quadrinhos são um meio
visual, então quando uma pessoa apenas coloca um quadro depois do outro, acho
que eles não estão usando o meio em todo o seu potencial de verdade. Isso para
mim parece dançar sem mexer os próprios pés".
Não consigo produzir sensação de profundidade desenhando um CUBO. Paul Grist consegue fazê-lo em uma sala que flutua NO ÉTER BRANCO. Momento Boça NFN. |
ENCAIXADO #2. Christopher Borrelli escreveu um perfil de Chris Ware para
o Chicago Tribune.
Isso explica muita coisa:
Quando ele era uma criança, Ware se identificou de forma profunda com
Charlie Brown, ele diz. Ele lembra de uma identificação tão profunda que ele
mandou para Charlie Brown um cartão de dia dos namorados. "'Peanuts' foi a primeira tira em quadrinhos com um
personagem verdadeiramente empático, e Charlie Brown foi o primeiro personagem
que te alcançava pelo coração. Uma tira em quadrinhos é boa para contar piadas
e para ter um olhar depreciativo (sobre os personagens), mas, no trabalho de
Charles Schulz, você sempre sentia os personagens. Então eu tinha muita pena de
Charlie Brown, o que é uma coisa incrível de se produzir usando apenas quatro
pequenos desenhos. Eu me sentia horrível por ele. Eu dei o cartão para a minha
mãe e pedi que ela enviasse para Charlie Brown e ela disse 'certo' e
provavelmente colocou ele no lugar para onde vão as cartas para o Papai
Noel".
[...] Quando ele tinha 13 anos e o seu amor por quadrinhos se transformou em
um profundo apreço pelo meio, ele enviou uma carta para Schulz, explicando que
talvez quisesse ser um quadrinista. Mas ele enviou para o endereço errado e a
carta foi devolvida. Esse é o tipo de história que, se resumida em quatro
quadrinhos de uma tira, seria uma história do Charlie Brown.
Sobre Building Stories, a sua última "história em quadrinhos":
O fotógrafo [da matéria, que pediu para ver a hq] colocou a caixa em seu colo, tirou a tampa e
ficou maravilhado. Ware se virou de costas. Perguntei se essa era a primeira
vez que ele deixava alguém olhar para ela. Exatamente por isso que estou de
costas, ele disse, resumindo um sorriso achatado.
Você entenderia isso também se o seu último livro não fosse nada como
um livro, mas 14 livros individuais cheios de tédio, colocados dentro de uma
caixa -- 14 livros que contam as histórias entrelaçadas dos moradores de um
edifício residencial em Chicago. (Não precisa nem ser dito que não vai ter uma
versão para o Kindle). O primeiro livro é retangular e sem nenhuma palavra, a
história de uma mulher que, mais ou menos, existe -- ela empurra o seu bebê no
carrinho, as estações passam, a criança fica mais velha, a mulher, mais
solitária. Outro livro [...] é narrado pelo próprio prédio, que, em uma
sequência, soma cada gravidez, vazamento de água, nota de suicídio, gato,
televisão e crise espiritual que aconteceram em seus 104 anos.
Borrelli provavelmente está falando disso. |
Tem uma cópia de
"The Daily Bee", o jornal ("God Save the Queen") publicado
pela colméia do bairro. Outro livro mostra a planta dos apartamentos, e se
desdobra como um jogo de tabuleiro.
Me vejo em um futuro próximo, tentando convencer um funcionário da alfândega brasileira que isso é um livro [consequentemente, imune a impostos]. E fracassando. |
REI POLIFACÉTICO. Harry Mendryk, do blogue Simon and Kirby, encontrou e publicou duas artes originais da
história Tough Little Vamint,
publicada na revista Bullseye #5
[abril de 1955]. Não se sabe quem é o desenhista, mas elas estão colorizadas
por Jack Kirby -- o que gerou um pequeno artigo.
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