FINGER #3. J. Caleb Mozzocco resenhou, no CBR, Bill the Boy Wonder,
a biografia de Bill Finger, ilustrada e para crianças, feita por Marc Tyler
Nobleman [duas chances para você se lembrar dela: uma e duas].
Foi Finger que criou a paleta de cores escura, a máscara com orelhas de
morcego, a capa ondulada no lugar de asas, olhos brancos sem pupilas e a idéia
de que o personagem deveria ser um humano normal, capaz de se machucar, e uma
boa pessoa de aparência ameaçadora e não alegre, duas coisas para melhor
diferenciá-lo do Super-Homem.
Finger também, Nobleman diz, teve a idéia da origem trágica, da
identidade secreta, do nome da cidade em que a hq se passa, as palavras
"Batmóvel" e "Batcaverna", e Robin, e "tramava vilões
memoráveis com a mesma regularidade que algumas pessoas fazem listas de
compras".
JAPA #3. Alberto Sosa, do Zona
Negativa, também resenhou Reproducción
por Mitosis y otras histórias, do japonês Shintaro Kago. Sosa explica que
Kago é muito mais que escatologia [difícil escrever frases que não tenham
duplo-sentido tratando-se de alguém com um nome desses]:
[...] é ao olhar além do humor negro, do sexo, da violência e da escatologia,
que nos encontramos com a verdadeira genialidade desse autor. Kago é um autor
muito experimental e não para de brincar com as composições de quadrinhos e de
balões de fala, duvidando inclusive da bidimensionalidade do quadrinho
propriamente dito e oferecendo páginas em três dimensões. Várias histórias têm
por protagonista o gibi propriamente dito e não os seus personagens.
POGO! F.X. Feeney escreveu um artigo no Los Angeles Review of Books sobre Dwayne Booth [quadrinista que usa
o nome Mr. Fish, e que fez Go Fish: How
to Win Contempt and Influence People] e Walt Kelly [de Pogo; talvez você se lembre de uma história do Monstro do Pântano
de Alan Moore que homenageou o personagem]. A Walt Kelly e a sua principal
criação, Feeney dedica a segunda parte do artigo:
Ao ser perguntado quem ele via como público alvo para a sua tira em
quadrinhos Pogo, Walt Kelly respondeu: "O cara que está desenhando
ela". Ele não estava sendo críptico, ou mal-educado. "Você ou afunda
ou nada no seu conhecimento sobre como fazer os seus pensamentos chegarem a
outras pessoas", ele explicou. "Você tem que decidir em um cara da
audiência que sirva de teste, e esse é você".
Quando ele deu essa declaração -- na metade dos 60 -- Kelly já tinha
escrito e desenhado o seu encantador círculo de criaturas do pântano,
magnificamente coreografadas e articuladas, todos os dias do ano [...] por quase duas décadas. Pogo sempre teve um lado brincalhão e satírico.
Kelly afiou o seu estilo através de anos de trabalho como um admirador de Walt
Disney, e as primeiras histórias de Pogo,
quando ele começou a tira no início dos anos 40, eram tranqüilas e alegóricas
na tradição das fábulas de Aesop. Mas na medida em que a histeria política
americana da década de 50 [...] deu lugar à turbulência da era do Vietnã, Kelly
deixou seus ataques à loucura pública mais diretos. Ele caricaturizou o senador
Joe McCarthy como um gato selvagem; o diretor do FBI J. Edgar Hoover como um
buldogue; Lyndon Johnson como um barulhento centauro, galopando em direção à
batalha contra um dragão chinês montado por um radiante Mao-bebê.
NÃO SE PODE AGRADAR A TODOS ETC #3 ...ainda que o propósito de Tank
Girl seja exatamente não fazê-lo. Jacob Canfield não se deixou abalar por essa
constatação e escreveu sobre o personagem criado por lan Martin e Jamie Hewlett
[esse último depois foi o criador visual da banda Gorillaz] – exatamente para
espinafrá-lo, como parte da série do Hooded
Utilitarian dedicada a fazer isso com coisas [sobre a qual você já leu aqui
e aqui].
De início, nenhum dos personagens de Tank Girl tem qualquer personalidade ou desenvolvimento de personalidade mínimo,
além de uma ou duas dimensões. Tank Girl é estúpida, mal-educada, e violenta, e
o seu namorado canguru, chamado-de-forma-ah-que-engraçado de Booga, é sensível
e despistado, e todas as outras pessoas são violentas e estúpidas.
Essencialmente, você pode trocar os diálogos de Tank Girl pelos de qualquer
outro personagem e não se teria qualquer diferença perceptível.
Agora, alguém lendo essa crítica poderia dizer "a graça de Tank
Girl é que ela é excessiva e idiota! Isso é hilário! Você não entende?".
Pessoas que parecem gostar de Tank Girl pelo seu humor, mas deixem-me dizer
agora que se alguma vez eu encontrar uma pessoa que me diga que adora o humor
de Tank Girl, eu vou imediatamente ignorar qualquer outra avaliação pessoal que
ela tenha.
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