NFN#80: SHINTARO KAGO EM 3D




FINGER #3. J. Caleb Mozzocco resenhou, no CBR, Bill the Boy Wonder, a biografia de Bill Finger, ilustrada e para crianças, feita por Marc Tyler Nobleman [duas chances para você se lembrar dela: uma e duas].

Foi Finger que criou a paleta de cores escura, a máscara com orelhas de morcego, a capa ondulada no lugar de asas, olhos brancos sem pupilas e a idéia de que o personagem deveria ser um humano normal, capaz de se machucar, e uma boa pessoa de aparência ameaçadora e não alegre, duas coisas para melhor diferenciá-lo do Super-Homem.

Finger também, Nobleman diz, teve a idéia da origem trágica, da identidade secreta, do nome da cidade em que a hq se passa, as palavras "Batmóvel" e "Batcaverna", e Robin, e "tramava vilões memoráveis com a mesma regularidade que algumas pessoas fazem listas de compras".


JAPA #3. Alberto Sosa, do Zona Negativa, também resenhou Reproducción por Mitosis y otras histórias, do japonês Shintaro Kago. Sosa explica que Kago é muito mais que escatologia [difícil escrever frases que não tenham duplo-sentido tratando-se de alguém com um nome desses]:

[...] é ao olhar além do humor negro, do sexo, da violência e da escatologia, que nos encontramos com a verdadeira genialidade desse autor. Kago é um autor muito experimental e não para de brincar com as composições de quadrinhos e de balões de fala, duvidando inclusive da bidimensionalidade do quadrinho propriamente dito e oferecendo páginas em três dimensões. Várias histórias têm por protagonista o gibi propriamente dito e não os seus personagens.




POGO! F.X. Feeney escreveu um artigo no Los Angeles Review of Books sobre Dwayne Booth [quadrinista que usa o nome Mr. Fish, e que fez Go Fish: How to Win Contempt and Influence People] e Walt Kelly [de Pogo; talvez você se lembre de uma história do Monstro do Pântano de Alan Moore que homenageou o personagem]. A Walt Kelly e a sua principal criação, Feeney dedica a segunda parte do artigo:

Ao ser perguntado quem ele via como público alvo para a sua tira em quadrinhos Pogo, Walt Kelly respondeu: "O cara que está desenhando ela". Ele não estava sendo críptico, ou mal-educado. "Você ou afunda ou nada no seu conhecimento sobre como fazer os seus pensamentos chegarem a outras pessoas", ele explicou. "Você tem que decidir em um cara da audiência que sirva de teste, e esse é você".

Quando ele deu essa declaração -- na metade dos 60 -- Kelly já tinha escrito e desenhado o seu encantador círculo de criaturas do pântano, magnificamente coreografadas e articuladas, todos os dias do ano [...] por quase duas décadas. Pogo sempre teve um lado brincalhão e satírico. Kelly afiou o seu estilo através de anos de trabalho como um admirador de Walt Disney, e as primeiras histórias de Pogo, quando ele começou a tira no início dos anos 40, eram tranqüilas e alegóricas na tradição das fábulas de Aesop. Mas na medida em que a histeria política americana da década de 50 [...] deu lugar à turbulência da era do Vietnã, Kelly deixou seus ataques à loucura pública mais diretos. Ele caricaturizou o senador Joe McCarthy como um gato selvagem; o diretor do FBI J. Edgar Hoover como um buldogue; Lyndon Johnson como um barulhento centauro, galopando em direção à batalha contra um dragão chinês montado por um radiante Mao-bebê.


NÃO SE PODE AGRADAR A TODOS ETC #3 ...ainda que o propósito de Tank Girl seja exatamente não fazê-lo. Jacob Canfield não se deixou abalar por essa constatação e escreveu sobre o personagem criado por lan Martin e Jamie Hewlett [esse último depois foi o criador visual da banda Gorillaz] – exatamente para espinafrá-lo, como parte da série do Hooded Utilitarian dedicada a fazer isso com coisas [sobre a qual você já leu aqui e aqui].

De início, nenhum dos personagens de Tank Girl tem qualquer personalidade ou desenvolvimento de personalidade mínimo, além de uma ou duas dimensões. Tank Girl é estúpida, mal-educada, e violenta, e o seu namorado canguru, chamado-de-forma-ah-que-engraçado de Booga, é sensível e despistado, e todas as outras pessoas são violentas e estúpidas. Essencialmente, você pode trocar os diálogos de Tank Girl pelos de qualquer outro personagem e não se teria qualquer diferença perceptível.

Agora, alguém lendo essa crítica poderia dizer "a graça de Tank Girl é que ela é excessiva e idiota! Isso é hilário! Você não entende?". Pessoas que parecem gostar de Tank Girl pelo seu humor, mas deixem-me dizer agora que se alguma vez eu encontrar uma pessoa que me diga que adora o humor de Tank Girl, eu vou imediatamente ignorar qualquer outra avaliação pessoal que ela tenha.

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