NFN#78




MALANDRAGEM. Ciro I. Marcondes, do Raio Laser, comprou 40 edições aleatórias da revista Zé Carioca, publicadas pela Abril entre 1971 e 1979, em um sebo, de uma tacada só.

Conforme o próprio, as “histórias do Zé nesta época são intensamente vivazes, muito coloridas, com familiar cenário brasileiro, e geralmente lidando com problemas mais afeitos ao leitor brasileiro: um tipo especial de assaltos e violência, por exemplo, ou a cultura do samba e outros tipos de cultura de matriz negra, geralmente excluídas do compêndio cultural da Disney, ou um certo temperamento mais despojado, elétrico e malandro de todos os personagens”.

Para explicar a tese, Marcondes selecionou e resenhou quatro das edições.


FALCATRUAGEM. Faz uns dez anos, Alan Moore e Rick Veitch abandonaram a série Supreme, publicada pelo Extreme Studios, dentro da Image, deixando a sua história em aberto – faltou precisamente a última edição do arco que concluiria a sua fase nos roteiros do Super-Homem liefeldiano.

No final do ano passado, o próprio Rob Liefeld anunciou, na New York Comics-Con, que a edição em questão [a 63] seria lançada – com desenhos de Erik Larsen, que passaria a ser o desenhista e escritor regular da série.

Dando seguimento ao carrossel, semanas atrás Larsen anunciou que está de saída no final do ano. Aproveitando o ENSEJO, o blogue espanhol En todo el colodrillo, resenhou toda a sua fase [pelo menos, toda a fase até agora]. 

Larsen compara o seu trabalho aqui com a sua fase no Homem-Aranha [onde substituiu Todd McFarlane]: se trata de continuar um best-seller, o que não é uma novidade para ele. Não é nem mais, nem menos, do que continuar uma série regular, como já se teve que fazer com Demolidor depois de A Queda de Murdock. Comenta em uma entrevista que não faz a menor idéia de por que Moore abandonou a série, dando a entender que ele é um roteirista estranho que faz coisas incompreensíveis, algo que está na moda ultimamente. Por fim, assegura que o seu trabalho não vai ser em nada igual ao de Moore, o que não deve surpreender ninguém. Enquanto Moore fez de Supreme uma homenagem ao Super-Homem da Era de Prata, Larsen quer voltar à essência do personagem, ao conceito básico que Liefeld tinha em mente quando o criou: o Super-Homem como um babaca (são as suas próprias palavras).


SHOWMAN. No blogue Entre Cómics, transcreveram a participação de Jim Steranko na San Diego Comics-Con de 2011. Nela, Steranko, que é uma espécie de Hugh Hefner dos quadrinhos [sem a safadeza, portanto; o homem interpreta um personagem mega-cool o tempo todo], fala sobre o lançamento de Red Tide, republicação recolorizada de uma hq noir que ele fez na década de 70 –e que o próprio considera a primeira graphic novel de todos os tempos:

Eu escuto uma vez e outra e outra vez que Will Eisner é o pai da graphic novel, mas o pai de Red Tide... posso garantir para vocês que Will Eisner não tem nada que ver com Red Tide. Eisner ganhou essa fama com o primeiro livro que ele chamou de graphic novel, Contrato com Deus. Uma obra maravilhosa. Mas, por um lado, não acho que possa ser chamado de graphic novel, porque ela está composta de histórias curtas, e as histórias curtas não são uma novela. Não me importa quantas vezes seja repetido, um punhado de histórias curtas não são uma novela. Ademais, Contrato com Deus foi publicado em 1978. Vou deixar isso totalmente claro com uma declaração de cinco ou seis palavras: Red Tide foi publicado em 1976. Alguma pergunta?

O paletó branco é uma espécie de roupão dos quadrinistas.

MUTANTES E MAIS MUTANTES. Uma das conseqüências do não-reboot da Marvel, o Marvel NOW!, é que nós vamos ter que viver em um mundo onde a X-Force tem duas séries mensais – Cable and the X-Force e Uncanny X-Force, essa última nas mãos de Sam Humphries [atual roteirista de The Ultimates] e Ron Garney [que já passou por diversos personagens da Marvel, como o Capitão América, onde desenhou roteiros de Mark Waid há quase vinte anos].

Você deve estar pensando que isso são exatamente duas séries da X-Force há mais das que o mundo precisa. Nesse caso, você está de parabéns. Humphries, por outro lado, foi entrevistado por Chris Sims no Comics Alliance, e está em seu papel de tentar te convencer do contrário.

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