NFN#74



SOLITÁRIO #12. Acabou!

Matt Seneca e Sean Witzke chegaram à última edição de Solo, feita por Brendan McCarthy -- que, pelo visto, tem problemas com Grant Morrison:

Sean Witzke: Então... quantas indiretas essa edição de Solo lançou na direção de Grant Morrison? Porque eu acho que foram umas dez.

Matt Seneca: Cara, elas vieram velozes e furiosas! [...]

SW: Essa é a forma em que McCarthy fala disso [seus problemas com Morrison]: "Zenith foi essencialmente baseado no meu super-herói, Paradax, criado alguns anos antes -- todo esse negócio de ser uma super-estrela famosa. Foi meio estranho fazer o design de algo tão derivativo do meu próprio trabalho".

MS: Essa é uma boa forma de introduzir McCarthy a leitores que podem não estar familiarizados com ele (como eu não estava quando essa edição foi lançada): se Grant Morrison soubesse desenhar, e usasse idéias originals em vez de as de outras pessoas, e tivesse um senso visual que encaixasse com essas idéias, ele seria Brendan McCarthy.


UM DIA DE RESENHAS #1. Pedro Moura, do Ler BD, resenhou King City, gibi que Brandon Graham fez antes de Prophet.

De certa forma, King City é uma espécie de Blade Runner ou Total Recall passado pelo filtro do “cute”. Passa-se num hipotético futuro, possivelmente muito adiantado, mas a um ponto em que alguma da tecnologia parece pura e simplesmente já não existir, ter regredido ou avançado de tal forma surpreendentemente que não se distingue da magia, como queria Arthur C. Clarke. O próprio Brandon Graham confessa que, mais do que pretender imaginar que tipo de tecnologia irá existir no futuro, uma vez que essas tentativas de imaginação se tornam rapidamente datáveis e obsoletas (basta ler ficção científica de décadas atrás; Katsuhiro Otomo disse numa entrevista que nunca lhe passaria pela cabeça, quando criou Akira, que surgiriam coisas como os telemóveis), fez um salto paradoxal para o futuro e para o passado. Seja como for, em alguns aspectos este mundo corresponde ao nosso: algumas das datas citadas de vez em quando, mas noutros momentos parece um planeta totalmente diferente.


UM DIA DE RESENHAS #2. E são resenhas muito DESCOLADAS: agora é essa, no Entre Cómics, sobre Furari, do japonês com cara de francês [é o jeitão intimista] Jiro Taniguchi [que teve publicado no Brasil O Livro do Vento, pela Panini].

Como acontece com quase todos os grandes autores, Jiro Taniguchi tem dois ou três temas que se repetem ao longo de sua carreira e que de alguma forma se misturam para desenhar a sua visão do mundo. Dizer que um de seus temas é "o homem" pode parecer pretensioso ou superficial, mas os seus mangás costumam trabalhar três aspectos que definem a nossa humanidade: as relações entre as pessoas [...], as experiências infantis que nos fazem ser o que somos [...], e a interação com o nosso entorno [...]. Dentro desse último grupo se pode encaixar Furari [...].

Furari toma por início a vida de Tadataka Inô, um cartógrafo japonês dos séculos XVIII e XIX que realizou os primeiros mapas cientificamente rigorosos do país. Ainda que mais que a sua vida, deveríamos dizer os seus passeios, já que ao longo do livro a sua atividade principal é caminhar [...]. O protagonista caminha com um propósito: contar os passos para poder estabelecer as medidas entre os diferentes pontos.

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