SOLITÁRIO #12. Acabou!
Matt Seneca e Sean Witzke
chegaram à última edição de Solo, feita por Brendan McCarthy -- que, pelo visto, tem problemas com Grant Morrison:
Sean Witzke: Então... quantas indiretas essa edição de Solo lançou na
direção de Grant Morrison? Porque eu acho que foram umas dez.
Matt Seneca: Cara, elas vieram velozes e furiosas! [...]
SW: Essa é a forma em que McCarthy fala disso [seus problemas com
Morrison]: "Zenith foi
essencialmente baseado no meu super-herói, Paradax, criado alguns anos antes --
todo esse negócio de ser uma super-estrela famosa. Foi meio estranho fazer o
design de algo tão derivativo do meu próprio trabalho".
MS: Essa é uma boa forma de introduzir McCarthy a leitores que podem
não estar familiarizados com ele (como eu não estava quando essa edição foi
lançada): se Grant Morrison soubesse desenhar, e usasse idéias originals em vez
de as de outras pessoas, e tivesse um senso visual que encaixasse com essas
idéias, ele seria Brendan McCarthy.
UM DIA DE RESENHAS #1. Pedro Moura, do Ler BD, resenhou King City,
gibi que Brandon Graham fez antes de Prophet.
De certa forma, King City é
uma espécie de Blade Runner ou Total
Recall passado pelo filtro do “cute”.
Passa-se num hipotético futuro, possivelmente muito adiantado, mas a um ponto
em que alguma da tecnologia parece pura e simplesmente já não existir, ter
regredido ou avançado de tal forma surpreendentemente que não se distingue da
magia, como queria Arthur C. Clarke. O próprio Brandon Graham confessa que,
mais do que pretender imaginar que tipo de tecnologia irá existir no futuro,
uma vez que essas tentativas de imaginação se tornam rapidamente datáveis e
obsoletas (basta ler ficção científica de décadas atrás; Katsuhiro Otomo disse
numa entrevista que nunca lhe passaria pela cabeça, quando criou Akira, que surgiriam coisas como os telemóveis),
fez um salto paradoxal para o futuro e para o passado. Seja como for, em alguns
aspectos este mundo corresponde ao nosso: algumas das datas citadas de vez em
quando, mas noutros momentos parece um planeta totalmente diferente.
UM DIA DE RESENHAS #2. E são resenhas muito DESCOLADAS: agora é essa, no Entre Cómics, sobre Furari, do japonês com cara de francês
[é o jeitão intimista] Jiro Taniguchi [que teve publicado no Brasil O Livro do Vento, pela Panini].
Como acontece com quase todos os grandes autores, Jiro Taniguchi tem
dois ou três temas que se repetem ao longo de sua carreira e que de alguma
forma se misturam para desenhar a sua visão do mundo. Dizer que um de seus
temas é "o homem" pode parecer pretensioso ou superficial, mas os
seus mangás costumam trabalhar três aspectos que definem a nossa humanidade: as
relações entre as pessoas [...], as
experiências infantis que nos fazem ser o que somos [...], e a interação com o nosso entorno
[...]. Dentro desse último grupo se pode
encaixar Furari [...].
Furari toma por início a vida de Tadataka Inô, um cartógrafo japonês dos
séculos XVIII e XIX que realizou os primeiros mapas cientificamente rigorosos
do país. Ainda que mais que a sua vida, deveríamos dizer os seus passeios, já
que ao longo do livro a sua atividade principal é caminhar [...]. O protagonista caminha com um propósito:
contar os passos para poder estabelecer as medidas entre os diferentes pontos.
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