NFN#66



EM CHAMAS #3. Tucker Stone escreveu mais uma de suas colunas-resmungo no The Comics Journal. Além de um aberto deboche à fúria twiteira de Rob Liefeld [que, no meio da semana passada, saiu da DC e atirou para todos os lados, mas principalmente no próprio pé – sem perceber], boas [e curtas] resenhas de Justice League #12 [Geoff Johns e Jim Lee; é a edição que deu aquela capa que você provavelmente viu no jornal: a Mulher-Maravilha e o Super-Homem iniciam um romance] e Avenging Spider-Man #11 [Zeb Wells e Steve Dillon].

Sobre o segundo:

Nessa edição [...] o Homem-Aranha encontra a sua tia May no túmulo de Ben Parker, tio dele e esposo falecido dela [...]. [...] os dois trocam lembranças -- não sobre o quanto maravilhoso era ter Ben em suas vidas, mas, em vez disso, sobre o quanto os dois sentem falta dele. De fato, o gibi -- feito quase que totalmente de flashbacks de duas pessoas paradas no cemitério -- nunca mostra o tio Ben, preferindo, em vez disso, mostrar duas pessoas lembrando-se do tempo em que eles choraram depois da morte do tio Ben. Também tem uma parte em que a tia May responde à pergunta "como estão as coisas com Jay?" -- Jay é o novo namorado -- falando sobre o seu reascendido furor sexual e a sua quase infantil preocupação sobre a possibilidade de Ben estar assistindo do além túmulo a ela fazendo sexo, o que aparentemente seria muito fácil, já que ela está fazendo isso muito. Ela então condena jocosamente Peter por ser "tão sensível" e pelo crime de não querer ouvir o que é (basicamente) a sua mãe idosa descrever a freqüência com que mantém relações, enquanto está literalmente parada em cima do que é (basicamente) o túmulo de seu pai. Fora isso, o resto do gibi são pessoas lembrando-se dos tempos que passaram chorando. Previsão: esse gibi vai ganhar um Eisner por melhor história.


JUVENTUDE PERDIDA. A rádio nova-iorquina WNYC colocou em seu site, em artigo assinado por Philip Quarles, a gravação de uma das audiências da comissão do Senado americano que, em 1954, investigou o nível de violência dos quadrinhos publicados -- a troco das teses de Fredric Wertham, que afirmava que a violência das publicações causava um aumento na criminalidade juvenil e que resultou na criação do Comics Code Authority [um dos pontos que eu considero mais nebulosos da história dos quadrinhos: basicamente tudo que se ouve sobre o tema é propaganda].

Essa é a audiência em que William Gaines, editor da EC Comics [que publicava uma pá de quadrinhos de terror] deu corda para a sua forca. Você pode encontrar uma transcrição de todas as audiências da comissão nesse link.

Esse é William Gaines. Ele não conseguiria convencer os integrantes
do CLUBE DOS GLUTÕES de que BACON é gostoso.


SOLITÁRIO #9. Para não me repetir, vou apenas dizer que a edição da revista Solo resenhada dessa vez é a de Scott Hampton -- que, pra ser sincero, eu sequer sei quem é. Matt Seneca e Sean Witzke descreveram o trabalho do cara com as seguintes [pouco caridosas] palavras:

MS: Scott Hampton é um cara que faz quadrinhos pintados e que teve alguns bons momentos nos anos 90, um sujeito meio estranho entre os colaboradores de Solo até agora, já que nada que ele fez teve muito sucesso de crítica, embora, como todos os outros envolvidos nessa série, ele consiga desenhar muito bem [...].

SW: As representações de Hampton são ótimas e claras; sempre sei o que os personagens estão sentido e sempre existe um ótimo senso de orientação geográfica. Mas acho que algumas páginas também parecem muito estáticas e estéreis, e isso só fica pior quando as páginas dele são mais estilizadas e ele usa mais do efeito da pintura.


GEOFF JOHNS: ALÉM DE TUDO É PROLIXO. J. Caleb Mozzocco escreveu um artigo, no CBR, sobre diversas edições de séries escritas por Geoff Johns lançadas ao longo da semana passada -- especificamente, Justice League #12 [desenhada por Jim Lee, que já apareceu no NFN DIÁRIO de hoje no primeiro link], Green Lantern Annual #1 [desenhos de Ethan Van Sciver, alternando com Igor Kordey, substituía Frank Quitely na série New X Men de Grant Morrison] e Aquaman #12 [com o brasileiro Ivan Reis]. Essa última foi a que se saiu pior:

[...] Aquaman #12 [é] o penúltimo capítulo do segundo arco de histórias da revista, e é um gibi tão típico do trabalho de Johns que poderia ter sido escrito por um computador programado para pesquisar tantas hqs anteriores desse criador que seria capaz de automaticamente escrever roteiros quando uma migalha de informação, como, digamos, o nome dos personagens, fosse informada.

É [...] apenas uma repetição em lista dos Johnismos mostrados nas últimas 11 edições: Mera, a malvadona, tão poderosa que é meio bobo, demonstrando o quão malvadona ela é; um Aquaman brutal, forte como o Super-Homem, se livrando de forma brutal de seus oponentes para matar o seu arqui-inimigo; diálogos que até o Arnold Schwarzenegger de 1987 teria vergonha de dizer (a melhor/pior parte? Vilão: "Eu acho... que isso é um adeus". Herói: "PARA VOCÊ"); splash-pages desnecessários e um personagem que só foi apresentado para ser morto finalmente sendo morto.

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